Doença transmitida por gatos tem aumento de casos em 1.300%

A esporotricose é causada por um fungo e manter os gatos presos é fundamental para o controle

Doença transmitida por gatos


Segundo levantamento realizado pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (Labzoo), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o número de felinos diagnosticados com esporotricose, mal que provoca pequenas feridas no focinho, orelha e cabeça desses animais, aumentou nos últimos dez anos, entre 2011 e 2021. O número de gatos diagnosticados com a doença subiu 1.342%, de 71 para 1.024 casos. No período de junho de 2020 (início das análises em humanos pelo Labzoo, antes realizadas pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas) a dezembro de 2021 foram 156 amostras para diagnóstico de esporotricose humana, com 96 positivos (positividade de 62%).

Esse mal acomete, na maioria dos casos, felinos que circulam pelas ruas e podem transmitir a doença aos humanos por meio de mordidas e arranhões.  Como o fungo é encontrado na natureza, Hildebrando Montenegro, biólogo do Labzoo, explica que a principal medida para o controle deve ser manter o pet dentro de casa.

“Em 2011 vimos os primeiros casos em gatos em São Paulo e foi estruturado um trabalho de vigilância para a identificação, controle e distribuição de medicamentos para tratar a doença, mas a colaboração da população é fundamental. As chances de animais domiciliados serem contaminados são quase nulas. Se o proprietário não quer que seu pet pegue esporotricose e, por consequência, a transmita para a família, não deve deixá-lo sair para a rua. Nossa orientação também é telar as casas. Se o dono faz o tratamento o pet pode sobreviver. Do contrário, pode morrer em alguns meses”, aponta.

Atendimento

Por meio da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), a SMS oferece atendimento clínico e cirúrgico aos animais em hospitais veterinários públicos, localizados nas zonas Norte, Leste e Sul da capital. As unidades oferecem consultas gratuitas, cirurgias, exames laboratoriais e internação. Há sete especialidades no total: oftalmologia, cardiologia, endocrinologia, neurologia, oncologia, ortopedia e odontologia.

Esse serviço, pioneiro no Brasil, é exclusivo aos moradores da cidade de São Paulo e, prioritariamente, àqueles assistidos por programas sociais. Devido à grande demanda, os atendimentos são realizados de acordo com disponibilidade de vaga. São priorizados casos de urgência e emergência. O cidadão deve dirigir-se à uma das unidades de segunda a sexta-feira, para retirada de senha, a partir das 6h, levando, além do animal adoentado, documento de identidade e comprovante de residência na capital em seu nome. O atendimento tem número limitado e ocorre diariamente, das 7h às 17h.

Sobre a esporotricose

Secreção úmida, inchaço do nariz e coloração avermelhada, normalmente na cabeça e nas orelhas são alguns dos sintomas da esporotricose, que rapidamente se disseminam pelo corpo do felino. Nos humanos, normalmente, as lesões surgem nas extremidades como pés e mãos, formando uma ferida avermelhada, algumas vezes com secreção, que vai piorando e espalhando. 

Foi assim que Anderson Romero da Rosa, 41 anos, mestre de obras, residente da Vila Nova Galvão, na Zona Norte, percebeu que havia algo errado com o gato de seu vizinho.

“Ele tinha feridas profundas no focinho e, poucas semanas depois, morreu. Para minha surpresa, meu filho e o primo dele, que tinham contato com o gato, começaram a ter as mesmas feridas no pé, pescoço e braço. Eram tão profundas que dava para ver o osso, foi desesperador. Isso faz cerca de seis meses. Eles continuam tomando medicação e estão melhorando, mas ficamos de olho para que essa situação não se repita”, conta.

Vanessa Toji, dermatologista do Ambulatório de Especialidades de Pirituba, mesmo local onde o filho de Anderson é atendido, explica que os pacientes chegam encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de maneira rápida, o que faz diferença no tratamento.

“Temos uma agenda específica para esses casos. Os pacientes com suspeita de esporotricose são encaminhados para nosso ambulatório. É fundamental as pessoas perceberem lesões que sangram, com crostas, e que não cicatrizam nem com medicação usual”, alerta.

Pessoas que receberam transplantes ou com doenças que comprometam o sistema imune, como a Aids, devem ter cuidado dobrado com esse mal.

O gato contaminado deve ser analisado e medicado pelo veterinário. O processo de cura leva, em média, um trimestre. É importante acompanhar o caso a cada seis meses. Caso seja identificada lesão suspeita para esporotricose durante atendimento nos hospitais veterinários públicos, será realizada a coleta de material para diagnóstico e encaminhado para a Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ).

Após confirmação do diagnóstico, a Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) da região de residência do munícipe é acionada para acompanhamento do caso e fornecimento de medicamentos para tratamento até a alta médica.

Serviço

Unidades hospitalares:

Norte - Rua Atílio Piffer, 687 - Casa Verde.

Leste - Av. Salim Farah Maluf, esquina com Rua Ulisses Cruz, lado par - Tatuapé.

Sul - 
Rua Agostino Togneri, n° 153 - Jurubatuba.

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